Clareamento Dental, o que é?
Processo farmacológico pelo qual, o gel de peróxido de hidrogênio em diferentes formas é administrado na superfície do dente e, através da liberação de íons ele vai modificar a estrutura de pigmentos orgânicos.
Não é um processo de limpeza, não vai remover manchas mecanicamente. A estrutura será mudada quimicamente onde a mesma, se tornará mais solúvel, onde algumas delas serão removidas da estrutura dental e outras, terão outra forma de percepção (não vai conseguir enxergá-las, como eram originalmente). No mercado há várias formas de aplicação do gel, a mais convencional, é o peróxido de carbamida (10% 15% 16% e 20%), existem também géis um pouco mais concentrados, de ação mais rápida e um pouco mais forte – peróxido de hidrogênio (3% a 10%), aplicado pelo paciente também. Existem as formas de peróxidos aplicados em consultórios, com ou sem uso de luz.
Qual o melhor e mais eficaz método de clareamento?
Independente do tipo de peróxido terá um efeito clareador. O que se busca, são mudanças na velocidade e nos efeitos colaterais com que essa liberação de íons vai gerar o efeito clareador. Os métodos mais seguros são considerados aqueles de menor intensidade – procedimentos de baixa potência e alta frequência – esses métodos são um pouco mais lentos, porém, garantem efeito clareador excelente e com alta longevidade (ex: Peróxido de carbamida – 10% > considerado um método seguro em relação à sensibilidade, irritação gengival etc.. e eficácia de aplicação > 2-8h/dia durante 10-15 dias).
Qual concentração de gel, tem maior eficácia? Há um equivoco de pensamento de que concentrações maiores vão conseguir clarear mais os dentes dos pacientes, na verdade, hoje a literatura nos mostra que diferentes concentrações só interferem na velocidade dos resultados (não interferem no resultado em si). Ou seja, o efeito clareador não muda, aumentando a sua concentração.
Logicamente, muitos pacientes desejam um efeito mais rápido, só que os mesmos vão ter que lhe dar com uma maior possibilidade de efeitos colaterais: quanto mais concentrado o gel > mais rápida e maior será a liberação desses íons clareadores e o risco para tecidos moles, para gengiva e os riscos de uma sensibilidade durante o clareamento, são muito mais prováveis.
Esse equilíbrio entre efeito colateral e concentração deve ser estabelecido pelo profissional, nada impede que o profissional buscando acelerar o processo inicie um tratamento com uma concentração maior, porém, é fundamental manter o paciente sobre controle dessas reações para que ele possa na eventualidade de uma sensibilidade exacerbada ou de uma irritação gengival, mudar a concentração – administrar uma concentração mais baixa ou diminuir o número de horas de aplicação para que os efeitos sejam revertidos.
Qual o tempo ideal de aplicação diária do gel clareador?
Originalmente era estabelecido que o uso noturno durante o sono era uma ótima maneira de se aplicar o gel. Isso é verdade! Pois, o gel tem uma estabilidade, um período de liberação desses íons que varia dependendo de sua concentração, dependendo de seu estabilizante. Em média, existem géis de peróxidos de carbamida liberando íons hidroxilas em torno de 4/6 – 8 horas. Portanto, se o paciente dormir com a moldeira+gel clareador, durante o período de sono ele vai ter um período de ação efetiva desse gel. Aquele paciente que dorme mais que 8 horas, vai ter o final do seu sono sem atividade clareadora, o que não vai gerar um efeito clareador, mas pode acabar gerando um efeito de sensibilidade.
Então, hoje, com o intuito de controlar esses efeitos e ter uma efetividade no resultado, de acordo com a literatura, o tempo ideal de uso está bastante determinado também, não só a disponibilidade e ao conforto do paciente, como a evidencia ou não de efeitos colaterais. De 2-8 horas de uso diário, a literatura científica já mostra excelentes resultados de branqueamento. Logicamente que o paciente que só utiliza 2 horas de gel clareador, vai demorar um pouco mais para atingir o resultado desejado (o potencial clareador precisa de mais tempo para se tornar eficaz). Ou seja, aquele paciente que usa o gel durante 6-8 horas, esgota nesse período de utilização todo o potencial clareador desse gel, porém, o paciente que usa por 2 horas, tem um risco menor de desenvolver efeitos colaterais que aquele que usou por mais tempo.
Ou seja, a disponibilidade, conforto e vontade do paciente em utilizar a moldeira de 2-8 horas é que vai dizer se esse paciente pode ou não utilizá-la, somada ao efeito colateral e a adequação desse tratamento a cada paciente.
Enfraquece o dente?
O clareamento dentro da técnica correta não causa prejuízo. A desmineralização que existe por
conta do pH é revertida pela própria saliva e pelo flúor do creme dental. Porém, caso ultrapasse o período de utilização, tem-se um prejuízo, não especificamente da desmineralização e sim, da desproteinização (ação desse produto na proteína dentro da dentina, degradando-a, caso ultrapasse o ponto de saturação).
Quando interromper o tratamento?
Quando observamos uma ausência de transição de cor num intervalo de 1 semana entre consultas, dizemos que atingiu o nosso ponto de saturação, ou seja, “mais que aquilo” o dente não branqueia. Em um tratamento clareador, estabelece-se esse prazo de 1 semana de intervalos sem clareamento, sem mudança de cor comparativa com uma escala de cor, para se alertar o paciente de que o clareador não está mais fazendo efeito.
Quais as restrições alimentares durante o clareamento?
Nos primórdios da técnica clareadora, tentava-se mostrar para os pacientes que a ingestão ou utilização de líquidos, alimentos, qualquer tipo ou pigmentante (cigarro, por exemplo), poderia comprometer o resultado da técnica clareadora. Na verdade, hoje sabemos que esses agentes pigmentantes acabam não tendo uma interferência no resultado do clareamento, mas sim, na sua longevidade. Ou seja, aquele paciente que está fazendo um tratamento clareador, não necessariamente tem que privar a sua alimentação ou os seus hábitos diários (uso de agentes pigmentantes bucais).
O recomendado, embasado na literatura, é que haja um respeito de pelo menos 3-4 horas após a remoção da moldeira+gel, para que esse dente possa se reidratar e ficar menos susceptível à ação desses agentes pigmentantes. Ou seja, o paciente terá uma pequena restrição na sua rotina, restrições de horas e não de dias, como inicialmente era recomendado. Sabemos, porém, que o uso constantes desses agentes pigmentantes podem levar a uma diminuição da longevidade do clareamento >recidivas no tratamento pode aparecer um pouco mais com frequência >fatores como predisposição individual, rugosidade de esmalte, nível de higienização do paciente também vão colaborar para um aumento ou diminuição da ação desses agentes pigmentantes.
De qualquer forma, o tratamento clareador hoje, não limita a rotina dos pacientes. Por isso, eles podem continuar fazendo uso de alimentos com corantes, desde que, respeitem um pequeno intervalo de tempo (3-4 horas), após a utilização da moldeira+gel clareador.
Qual a idade mínima para se indicar o clareamento?
Está cada vez mais frequente a chegada de pacientes extremamente jovens nos consultórios, buscando tratamentos clareadores. Havia uma restrição a isso, em função de tamanho de polpa, permeabilidade de dente, temia-se que o uso de um agente clareador que agia por permeabilidade, pudesse causar danos a essa polpa, à esses dentes tão jovens. Hoje, a literatura (principalmente as que se baseiam em trabalhos de endodontistas), mostra que em um paciente jovem, por haver uma polpa mais saudável, por haver um retorno venoso mais eficiente, nós acabamos tendo um efeito inflamatório muito menor causado pelos géis clareadores.
Portanto, não existe hoje, uma limitação cientificamente estabelecida para que os pacientes adolescentes possam fazer uso dos géis clareadores. O tratamento clareador não é proibitivo para essa faixa etária de pacientes, contudo, tenta-se manter nos nossos consultórios uma conduta que seja minimamente lógica. Ou seja, estabelecer para pacientes jovens uma idade mínima de 15-16 anos para que possam receber tratamentos clareadores e esses tratamentos seriam menos agressivos possíveis, curta duração, com géis de menor potência, pouco agressivos.
São tratamentos normalmente com rápida resposta e muito satisfatória para o CD e para o cliente que procura.
Qual o papel da luz no tratamento clareador?
A luz tem um papel de acelerador físico da reação química de clareamento. Ou seja, qualquer reação química quando aquecida, aumenta a sua velocidade; o mesmo acontece com a reação de liberação dos íons num processo de clareamento onde, vai liberar os íons com mais velocidade e, portanto, teremos um efeito mais rápido.
O papel da luz no tratamento clareador não é um catalisador da reação química, mas sim, de um acelerador. Porém, essa aceleração infelizmente traz efeitos colaterais danosos. Têm-se o efeito não só pelo próprio calor (aquecimento da estrutura dental, de promover reações inflamatórias pulpares) como também, de acelerar a liberação de íons em uma quantidade exagerada que também vá gerar através da penetração na estrutura dental, uma reação inflamatória pulpar.
Sabe-se hoje, que a luz não melhora e nem piora os resultados clareadores, apenas acelera-os e consequente aumento dos riscos. Se eu posso ter um tratamento EFICAZ, SEGURO E DURADOURO, por que então, usar um recurso que apenas acelera o processo, mas, não dá nenhum ganho de qualidade e traz mais riscos?!
Baseando-se no que a ciência mostra hoje, não é indicada a utilização de fontes luminosas para ativação dos géis. Hoje, a maioria dos fabricantes mundiais, dos que estão atualizados cientificamente, colocam no mercado produtos de uso em consultório que não necessitam de ativação por luz, que tenha sua ação de liberação de íons efetivada simplesmente pela catálise química de seus produtos envolvidos do peróxido de hidrogênio.
Essa postagem foi baseada nos assuntos dados em sala de aula, palestras de estética e na video-aula do Prof.Dr. José Carlos Gárofalo. Na qual, esclarece-se algumas dúvidas sobre o clareamento dental.
DICA: Para quem se interessar, há uma vídeo-aula mais aprofundada sobre
esse tema, ministrada pelo
Prof.Dr. José Carlos Gárofalo, no site do
Ident. Ao se inscrever nas vídeo-aulas você também poderá participar de debates, fazer o download do material didático, incluindo
CERTIFICADO!!!